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A Trilogia do Mago Negro II – A Aprendiz (resenha)

Postado originalmente no Cultura Nerd e Geek, em 29/08/2016

No segundo volume da trilogia de Trudi Canavan (a resenha do primeiro pode ser lida aqui), acompanhamos Sonea exatamente havia sido deixada, uma aprendiz recém aceita no Clã dos Magos. Como ficou bem claro no livro anterior, os preconceitos de classe são fortes no país de Kyralia, e a adaptação da primeira aluna favelada a ser aceita como aprendiz no Clã acostumado a receber a elite é o grande foco.

Mas são ache que as dificuldades de Sonea envolvem não saber que talheres usar ou como falar. Seus problemas envolvem a forma como aquela elite com a qual convive agora enxerga os pobres, e ela se vê obrigada a provar seus talentos e suas capacidades repetidamente para colegas e mestres. Para piorar tudo, uma descoberta acidental no livro anterior força que ela guarde um segredo mortal, o que torna sua adaptação ainda mais difícil.

Enquanto isso, Dannyl, o jovem mago que chefiou as buscas por Sonna no livro anterior, parte para terras distantes a serviço do clã. Nesse arco a autora explora de forma mais ampla o universo que criou, mostrando as diversas culturas que o habitam, suas diferenças e similaridades e suas relações com os magos e a magia no geral. Para Dannyl, essa viagem assume de certa forma o mesmo papel que a estrada ganha num road movie, quanto mais ele descobre o mundo, mais aprende sobre si mesmo, para o bem e para o mal.

Diferente dos problemas do volume anterior, aqui a leitura é fluída e envolvente desde o começo. Os personagens se constroem e mostram a que vieram rápido e é fácil se identificar com alguns dos dramas pelos quais eles passam. Canavan ainda se perde em alguns momentos na sua própria escrita, mas dessa vez isso acontece por páginas, não por capítulos.

Também é interessante destacar a inteligência da autora em reservar o primeiro livro para a jornada de Sonea da favela até o Clã e dedicar o segundo livro inteiro à educação dela. Muitas vezes segundos volumes de trilogias passam a sensação de serem apenas uma ligação preguiçosa entre uma apresentação e um final, mas neste caso o segundo livro por si só é uma boa leitura, diria inclusive que trabalha a narrativa muito melhor que o primeiro.

Continua não sendo a melhor obra de fantasia que já li, mas é difícil negar que tenha um valor próprio. Tanto os elementos fantásticos, quanto a critica social de O Mago Negro foram escritos com cuidado e atenção. Uma leitura divertida para fãs do gênero ou de obras  jovens que comentem a sociedade em que vivemos.