Postado originalmente no Cultura Nerd e Geek, em 18/10/2016
Satsuki e Mei, duas irmãs ainda crianças, se mudam para uma região rural com seu pai para ficar mais próximas do hospital em que sua mãe está internada. Enquanto se acostumam com a nova casa, com a falta da mãe e com as dúvidas e inseguranças que a situação coloca em suas cabeças, as meninas descobrem as novidades de seu novo lar e fazem amizade com criaturas mágicas que vivem nas matas, incluindo o enorme Totoro.
Como estamos recém saídos da semana da criança, achei que seria interessante falar sobre um filme infantil esse mês. Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro, 1988) é um longa de animação dirigido e roteirizado por Hayao Miyazaki do estúdio Ghibli, mais famosos no ocidente pelo vencedor do Oscar A Viagem de Chihiro (2001). Apesar de não ter tido muito impacto no ocidente, Totoro é possivelmente a obra mais icônica do estúdio no Japão, a ponto do personagem título ter se tornado seu mascote.
A trama gira em torno das aventuras das duas meninas com a nova vida e as criaturas fantásticas baseadas no folclore japonês, mas quando eu digo “aventura” pense menos em uma batalha mortal e mais em crianças explorando: Não temos aqui um vilão, heróis ou uma narrativa pesada de filme da Disney com começo, meio e fim, e sim passagens pontuais dos encontros das garotas com pequenas novidades cotidianas e elementos de fantasia, que se mantêm ambíguos quanto a terem de fato ocorrido ou serem só a imaginação das irmãs.
Mas isso não torna o filme menos interessante, pelo contrário. As duas protagonistas são extremamente carismáticas e escritas como crianças super realistas, com diálogos, brincadeiras, interesses e medos que qualquer pessoa que tenha contato com gente dessa idade já viu. Do tédio de Mei, muito nova para frequentar a escola e sem amigos com quem brincar, ao crescimento de Satsuki, dividida entre a inocência da infância e as responsabilidades de irmã mais velha, tudo é levado com leveza. Mas como é comum na obra do Miyazaki, o mundo pode ser encantador, mas não é fácil, e as meninas vão lidar também com os medos da perda, do desconhecido e da morte, principalmente no clímax, onde os assuntos são discutidos de forma mais aberta.
Em resumo, uma história simples, em certos momentos com tom de fábula, que nem por isso deixa de ter profundidade, daqueles filmes que são fáceis de se entender porque são clássicos. Recomendado para qualquer um que goste de cinema bem feito.