Fala pessoal do Papo de Autor! Esse é o quarto post sobre dicas de como participar de eventos literários. Nos posts anteriores eu já falei sobre a localização e o dia do evento, e também sobre a temática e a importância da mesa como forma de vitrine para o trabalho do autor. Porém, a promoção do livro vai muito além de uma mesa bem arrumada ou uma capa estilosa. A figura do autor é uma peça fundamental nessa engrenagem.
Vestido para a ocasião
Para quem não sabe, em cada evento deve existir um portal bem atrás da fachada da entrada com os dizeres: Abandone toda a vergonha aquele que por aqui entrar. Uma mesa atraente sem dúvida chama muito a atenção. Mas sabe o que chama ainda mais? Alguém com uma armadura de EVA e uma espada de madeira imensa na frente dela. Ou uma fada de asas de borboleta e um mago de manto e barba branca. Esses são apenas exemplos de cosplays dentro do gênero de fantasia, mas a ideia pode ser empregada como preferir. A questão aqui é chamar a atenção dos visitantes do evento, e como ficar gritando não seria nada agradável, temos a opção de se vestir e agir como um personagem.
Mesmo que as pessoas não conheçam o personagem em questão, uma fantasia interessante desperta a curiosidade. Não se espante se alguém vier apenas para tirar fotos com você; aproveite para comentar que está fantasiado de fulano, o protagonista do seu livro. Se a conversa não engrenar, sua foto vai aparecer na rede e peça para ser marcado. O mundo está todo conectado.
Vale lembrar que a não ser que saiba costurar e bordar, você precisará de um cosmaker; ninguém menos que um estilista de fantasias. Encontrar um não é difícil. O pessoal que curte cosplay em geral é bem receptivo e divertido. Estão sempre dispostos a ajudar um novato, inclusive indicando um ou outro cosmaker.
Escolhido o cosmaker, sua próxima preocupação é o valor do investimento no cosplay. Como tudo na vida tem um preço, o mesmo se aplica ao cosplay. Materiais e acessórios mais ricos ou fantasias de design mais complexo tendem a ser mais caros. Uma boa dica para baratear o custo, seria ir construindo o personagem com o tempo: a cada evento você apareceria com alguma novidade no figurino.
Assim, se quiser (ou puder) encarar esse desafio, assuma o papel, brinque, puxe papo com estranhos, tire muitas fotos e aproveite demais esse momento. Se depois disso tudo, você não tiver vendido nem um mísero livro sequer (o que duvido muito), ao menos terá se divertido.
Aprendendo a vender
Vamos a uma verdade nua e crua: muitos leitores compram o livro pela capa. Mas em eventos literários essa máxima ganha outra roupagem: muitos leitores compram o livro pelo autor. Ou seja, naqueles instantes de conversa, enquanto o autor desenrola uma rápida sinopse do livro que lhe consumiu tanto suor e lágrimas, o leitor está na realidade avaliando se vai com a cara dele ou não. Não estou entrando no mérito se isso é certo, errado, justo ou não. Estou dizendo que isso acontece e que os autores que almejam o sucesso devem estar preparados para enfrentar essa situação, ao invés de gritar e xingar que ninguém se interesse pela sua super trilogia inacabada.
A economia nos diz que devemos saber lidar com a escassez. Ninguém chega rasgando dinheiro em um evento literário. Então, o leitor deve selecionar bem onde ele vai investir a sua merecida grana. Se por alguma bênção divina, ele já estiver predisposto a adquirir um livro nacional, vai encontrar uma grande variedade a sua disposição. Nesse caso, muitos acabam escolhendo levar para casa aquele livro do autor simpático que o recebeu com um sorriso, conversou sobre a feira, riu de suas piadas, tirou fotos e tudo mais. O leitor teve uma experiência agradável com aquele autor. Vai segui-lo em suas redes sociais e muito provavelmente pode até a virar um fã de seu trabalho. Tudo por que o autor se importou em ouvir e reagir ou invés de cuspir falas prontas feito uma máquina de telemarketing.
Como já comentei, tenha um bom pitch de vendas pronto na manga. E o que seria isso? Nada mais do que uma sinopse curta e que contenha as informações que mais causem impacto ao seu público alvo. Seu livro é de romance, fale sobre os romances na trama; seu livro é sobre fantasia, mostre o que ele tem de diferente dos outros milhões que tem por aí; seu livro tem batalhas, descreva com emoção. Esse vai ser apenas o gancho para iniciar a dança. Como eu já comentei também, as pessoas não estão realmente interessadas em um monólogo. Então, depois de lançar o seu discurso matador, pare e converse com ela. Vai ver que o resultado será mais eficiente do que ficar vinte minutos tentando explicar sobre cada personagem e cada trama do enredo super intrincado do seu livro. É bem mais provável que ela se entedie no meio e até desista…