Olá, pessoas!
Hoje chegamos ao fim da Jornada do Herói! *estoura champange* É hora de concluir a aventura!
No início da jornada, o herói saiu de sua casa com um objetivo em mente. Agora ele já conquistou o que queria! A história acabou? Claro que não, isso seria fácil demais. Durante todo o percurso, esse herói modificou os lugares por onde passou, criou problemas e deixou seus inimigos descontentes. Ele não pode simplesmente ir embora e fingir que nada aconteceu. Conquistou um benefício, mas isso terá um custo.
O herói já conseguiu o que queria, então agora ele quer outra coisa. O objetivo é novo. Em O Hobbit, o dragão foi morto, mas ainda existem questões a se resolver. Rivalidades entre povos que ficaram ainda mais em destaque quando o assunto se tornou o espólio do dragão.
Muitas vezes, é o momento em que o vilão mostra sua verdadeira forma, para perseguir o herói e impedir que ele escape. Já foi derrotado uma vez e fará uso de todas as armas disponíveis para vencê-lo de uma vez por todas.
É comum haver uma cena de perseguição. Seja o vilão correndo atrás do herói, ou o herói correndo atrás de algo importante.
O herói também pode ter perdido algo que, até aquele momento, não sabia que era importante. Por exemplo, o Shrek queria que seu pântano fosse evacuado, e conseguiu. Na jornada, conheceu seu grande amor e a perdeu. Agora ele a quer de volta. É tudo ou nada!
Embora conquistar o que desejava no início da aventura seja uma coisa boa para o herói, esse não é o seu ápice. Há uma mudança maior, que nem ele mesmo sabia ser possível, mas pela qual precisará passar se quiser triunfar no final.
Para que a jornada seja válida e transforme para sempre a sua forma de ver o mundo, o herói precisa morrer. Morre o herói antigo para que possa surgir o novo herói. Renovado, digno e ciente de que o amor/honra/missão/etc é mais importante do que sua própria vida.
A morte pode ser representada de várias maneiras. Em casos como o do Bilbo, o herói será apenas dado como morto, para ressurgir mais tarde.
No caso do herói trágico, essa é a hora em que ele morre de verdade. Vence o primeiro grande desafio, aprende algo com isso, mas não é capaz de encarar o último. Geralmente, o herói trágico reluta em participar da aventura desde o início, evita os conselhos do mentor e não admite seus próprios defeitos. E isso o leva à ruína.
Pode ser uma ressurreição literal. Eu não esperaria algo diferente em As Crônicas Nárnia, devido ao seu caráter religioso.
A morte também pode ser metafórica. O herói pode ficar frente a frente com a morte, pode ver alguém morrer, ou pode simplesmente representar a morte de outra maneira, como submergir na água, ver espíritos, e tantas outras metáforas possíveis. O importante é o caráter de sacrifício, com aquela sensação de “Nada mais importa! Eu preciso lutar por essa causa, nem que custe minha vida!”
Ao ressucitar, o herói prova o quanto aprendeu com a jornada. Se tivesse continuado na sua casinha, na sua toca de hobbit, no seu pântano… Bom, se tivesse continuado parado, de braços cruzados, pensando “ninguém me ama, ninguém me quer”, como estava antes da jornada, dificilmente ele compreenderia a importância da situação atual. Não teria a bagagem necessária para enfrentar a morte e sair vitorioso. É por isso que o herói não pode simplesmente pular para a parte final da história: ele tem que passar por todas as etapas para se preparar. Essa é uma jornada de aprendizado.
Depois que o mal é vencido, tudo volta a se acalmar. Mas a vida nunca mais será a mesma para o herói, porque ele está mudado.
O herói retorna para casa trazendo um grande tesouro que, assim como tudo na jornada do herói, pode ser real ou metafórico. Bilbo volta com ouro, é verdade, mas o bem mais precioso que ele trás para casa é uma boa história para contar.
Esse é o momento de distribuir recompensas a quem foi bonzinho e castigos a quem foi malvado. Vale ressaltar que estes precisam ser relativos às ações dos personagens, ou seja, justos. Não dá para dar uma punição severa demais a um personagem que cometeu apenas pequenos deslizes, por exemplo.
O herói retorna ao ponto de partida, onde problemas que antes pareciam enormes e sem solução se tornaram tão pequenos que pode lidar com eles sem dificuldade. Parece que o mundo está diferente, mas não está. Tudo permanece igual, o que mudou foi a forma como o herói enxerga o mundo e como enxerga a si próprio.
Após viver toda essa aventura, o herói aprende uma lição para a vida toda. Quer dizer, a maioria dos heróis. Aqueles que não aprenderam estão fadados a cometer os mesmos erros repetidas vezes, e vêem-se obrigados a percorrer a jornada novamente. No final do filme, Shrek aprende que a maior beleza está dentro de nós. Porém, no segundo filme temos a impressão de que ele esqueceu de tudo o que viveu, e é isso que o leva a passar por novos riscos de perder seu grande amor.
Lembrem-se: O aprendizado do herói durante sua jornada é muito mais valioso se for capaz de alcançar o leitor e fazer com que este aprenda junto. Não falo sobre escancarar exemplos a serem seguidos, e sim sobre depositar lições importantes nas camadas mais profundas do texto. Em meus livros, eu busco levar aos leitores uma boa mensagem, instigar sentimentos bons e ações boas, e sugiro a todos fazerem o mesmo. Lembrem-se de que, além de uma história divertida, todo livro contém ideais. Que disseminemos o bem!
E é isso! Concluímos a jornada do herói!
Quem leu tudo até aqui? Ficou fácil de entender? Fui capaz de sintetizar a explicação para vocês, ou ficou muito longo? Espero que tenham gostado, e que sirva de inspiração para novos livros!
Como vocês podem ver no último slide, ainda falarei sobre os arquétipos, mas isso fica para o próximo post. Até lá, escrevam bastante e coloquem a jornada do herói em prática! 🙂
Beijos e até a próxima,
Karen Soarele
Originalmente publicado na minha coluna do Bodega: link