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5 Formas de publicar seu primeiro livro

Desde que lancei o meu primeiro livro, toda semana recebo uma enxurrada de perguntas, seja por e-mail ou pelo próprio facebook. A maioria esmagadora é em relação à publicação independente. “Me indique uma editora” é a frase que mais ouvi (li) até hoje. A resposta é dificílima, pois cada caso é um caso e o tipo certo de publicação vai depender de diversos fatores. Sendo assim, prefiro explicar algumas alternativas para que você mesmo reflita e chegue às suas próprias conclusões. Beleza? Vale avisar que o tema hoje é publicação independente, seja por conta própria ou por meio de editora. Vamos lá! 🙂

1) Editora de grandes tiragens

Quando eu comecei a escrever, pretendia levar minhas histórias além de meus familiares e amigos. Queria que várias pessoas lessem, que os livros fossem encontrados em livrarias, que as pessoas os conhecessem antes mesmo de me conhecer. Isso requer uma tiragem alta, ou seja, pelo menos uns 500 ou 1.000 exemplares. Para uma grande editora, essa quantidade é ridícula. Mas, no caso de um autor independente, é preciso suar a camisa para conseguir vender tudo.

O lado bom é que, aumentando a tiragem, cai o preço que o autor paga por cada exemplar, então é possível ter algum lucro com a venda. Algumas editoras têm feito um trabalho bacana com esse tipo de publicação, inclusive divulgando o autor e distribuindo em livrarias (o que é mais difícil do que parece). Mas, para vender o livro, é você mesmo quem vai ter que correr atrás.

Trabalhar com literatura é igual a trabalhar em qualquer outra área. Para se tornar um profissional de verdade, primeiro é necessário investir na sua carreira. Investir dinheiro, tempo e esforço. Se você quiser fazer uma tiragem alta, prepare o bolso. O investimento em dinheiro começa aí. Quanto ao tempo e esforço, isso é assunto para outro post.

☆ Algumas editoras que fazem publicação com grandes tiragens: Novo Século (selo de novos talentos), Modo (selo de novos talentos), Scortecci, Oxigênio, Arwen, Livre Expressão, Charme, Qualis (selo de novos talentos), Jambô (selo Odisseias).

Dinheiro... mulheres... iate...
“Dinheiro… mulheres… iate…”
(Autor iludido, achando que o sucesso vem de graça)

2) Editora de pequenas tiragens

Conheço vários autores que escreveram apenas por satisfação pessoal, não pretendem ser profissionais da área. Querem apenas segurar seu “filho” nas mãos e poder mostrar aos amigos. Não há nada de errado nisso. Acontece muito no caso de poetas, que querem apenas se expressar, e de adolescentes que, por mais que desejem seguir a carreira literária no futuro, ainda não possuem meios ou disposição para se dedicar à divulgação e à venda (dá trabalho, meus amigos, acreditem…).

Para escrever um livro, é necessário dedicação. Muita gente diz que tem uma ideia genial, mas são poucos os que sentam a bunda na cadeira e colocam o cérebro para trabalhar de verdade. Se você conseguiu, é preciso comemorar! Venceu uma prova difícil, daquelas em que a caminhada é mais importante do que o destino. Na minha opinião, todo livro merece ser publicado, de uma ou outra maneira. Se não é para ser em larga escala, que seja em pequena.

Livros publicados em pequena tiragem não costumam dar lucro, mas não é por isso que você não vá publicar. Pense nisso como entretenimento. Se você fosse ao cinema ou praticasse paraquedismo, acabaria gastando o dinheiro do mesmo jeito. É o preço de ter um hobby. Pequenas tiragens costumam ir de 20 a 100 exemplares.

☆ Algumas editoras que fazem publicação com pequenas tiragens: Baraúna, Garcia Edizioni, Delicatta, All Print, Multifoco, Lexia, Lura (algumas dessas oferecem também grandes tiragens).

Dancinha da vitória, logo após escrever a palavra "fim".
Dancinha da vitória, logo após escrever a palavra “fim”.

3) Impressão sob demanda

Se a grana está curta e você realmente não tem como investir, não se desespere. Existe uma coisa maravilhosa chamada edição sob demanda. Funciona assim: você envia seu livro para o site da empresa; toda vez que alguém comprar, eles vão imprimir UM exemplar e mandar para a pessoa. Dessa forma você não tem gasto e, ainda assim, a sua mãe vai poder ter o livro na estante dela.

Antigamente, esse tipo de publicação estava associada a baixa qualidade, mas o cenário vem mudando. Novas tecnologias permitem alcançar a mesma qualidade da alta tiragem. Por sua vez, o custo unitário vai lá nas alturas. Seus amigos vão ter que pagar, sei lá, 50 reais em um único exemplar, mais o frete.

O maior problema da impressão sob demanda é que, ao contrário das editoras, esses sites não se responsabilizam pela capa, nem pela diagramação, muito menos pela revisão. Alguns até oferecem esses serviços, mas aí a publicação deixa de ser gratuita. Verdade seja dita, esses elementos são imprescindíveis para qualquer livro. Se você tiver amigos dispostos a ajudar, ótimo (desde que eles saibam o que estão fazendo!). Caso contrário, talvez seja interessante analisar as propostas das editoras e colocar tudo na ponta do lápis. O importante é manter a calma e decidir racionalmente.

☆ Alguns sites que fazem impressão sob demanda: PerSe, Clube de Autores, Bookess, AgBook.

Certa vez eu visitei a gráfica da Ediouro e MEU DEUS DO CÉU! Você não tem ideia do tamanho das máquinas que imprimem livros e revistas. O galpão ocupa a quadra inteira, é impressionante! Dá pra ver nesse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=BFh2jKWu1GU (Gráficas desse porte costumam fazer apenas grandes tiragens.)

4) E-book

Se você pretende seguir carreira literária, está disposto a se matar de trabalhar, a ficar com calos nos dedos de tanto escrever, a divulgar até não aguentar mais… só que não tem um tostão furado, seus problemas acabaram. Publique um e-book! A cada dia, mais e mais leitores aderem à leitura digital. Isso acontece porque, apesar da resistência, o formato é muito legal! Após vencer o preconceito, é possível se divertir muito dessa maneira. E a chegada da Amazon ao Brasil nos últimos anos possibilitou uma dinâmica excelente entre autor e leitores.

É claro que publicar apenas em e-book não significa fazer trabalho mal-feito. Muitíssimo pelo contrário, já que os leitores não terão a opção de ler a versão física, tanto o conteúdo da obra quanto a apresentação precisam estar impecáveis. Isso passa pela capa, diagramação (que no e-book é bem diferente) e, principalmente, pela revisão. Ninguém merece texto truncado, que não anda nunca, e ainda por cima cheio de erros de português. Atenção redobrada, ok?

Além de ser barato para produzir e não dar trabalho para distribuir, o e-book também muda um pouco a dinâmica de parcerias com blogueiros. Pra quem não sabe, os blogs literários têm papel vital na divulgação de qualquer obra independente. O problema que um autor sob demanda enfrenta é ter que enviar livros caríssimos para serem resenhados nesses blogs. No caso do e-book, não há custo extra para o autor. É claro que nem todos os blogueiros aceitam parcerias sem livro físicos, e tem a questão da pirataria, mas esses também são assuntos para outros posts.

☆ Alguns sites para publicação de e-books: Amazon KDP Select (de longe o melhor), Kobo Writing Life, Saraiva Publique-se, Wattpad (rede social para distribuição gratuita, bem legal), Widbook (idem).

Amazon: a queridinha dos autores independentes.
Amazon e seu sistema KDP Select: a queridinha dos autores independentes.

5) Grandes tiragens totalmente independentes

Se você é um rebelde sem causa, revoltadinho subversivo, então vai lutar contra o sistema e publicar por conta própria. Liberte-se das amarras! Seja livre!!!!! Kkkkkkkk… Brincadeiras à parte, eu não recomendo essa forma de publicação para autores de primeira viagem.

Lançar um livro, mesmo que por meio de uma editora, exige muito do autor. Ele precisa saber de tudo um pouco. Por exemplo, mesmo que não vá efetivamente fazer a diagramação do livro, é importante conhecer o básico de composição, até mesmo para poder exigir um bom trabalho, argumentando com propriedade. Isso já é estressante o suficiente. Agora, se o autor decide puxar para si TODA a responsabilidade, o negócio fica ainda mais difícil.

“Mas, Karen, foi assim que você lançou os seus livros, não foi?” Sim. É importante ressaltar que eu não fiz tudo sozinha, é claro. Meu marido, ilustrador profissional, fez as capas. Minha mãe, leitora voraz que por muitos anos revisou contratos milionários, fez a revisão. Contratei um outro revisor, que já tinha trabalhado em diversos projetos de uma editora de renome. Convidei blogueiros de confiança para serem leitores-beta. Mesmo assim, foram muitas as responsabilidades que recaíram nos meus ombros. Diagramação, documentação, supervisão do trabalho da gráfica, distribuição em livrarias, organização de eventos e palestras, divulgação em mídias tradicionais e mídias digitais. Eu AMEI trabalhar com tudo isso, mas ocupou bastante do meu tempo. Se você é louco o suficiente para seguir o meu exemplo, vá adiante! Mas saiba que, no meu caso, eu sabia muito bem onde estava me metendo.

Quando planejei a publicação do meu primeiro livro, eu já era diagramadora de uma grande editora há anos, já sabia quais documentos seriam necessários e como consegui-los, já tinha conhecimento em relação à produção gráfica, já sabia quais canais usaria para divulgar, já conhecia os profissionais de que precisaria. Isso tudo porque sou publicitária, ilustradora e produtora de conteúdo. Agora, digamos que um médico invente de fazer o mesmo. Ou um professor, ou um adolescente. A pessoa terá que aprender tudo do zero, e tenho minhas dúvidas se é a melhor forma de empregar seu esforço (levando em conta que existem tantas outras tarefas a serem desempenhadas).

Mais do que a minha experiência, digo isso com base no que vejo por aí. Conheço autores que se aventuraram na independência total logo de cara, e ficaram tão decepcionados que nunca mais voltaram a escrever. Ao mesmo tempo, conheço autores que publicaram sozinhos DEPOIS de terem publicado por meio de editora e hoje estão felizes da vida. Fica o conselho: quando for entrar numa piscina, coloque primeiro só o pezinho, para saber se a água está muito gelada.

☆ Gráficas que eu indico: Gráfica Alvorada (Campo Grande/MS), Gráfica Calábria (Porto Alegre/RS), Edigráfica (Rio de Janeiro/RJ). O orçamento não costuma incluir envio para outras cidades.

Mercado literário: tão surpreendente quanto uma piscina.
Mercado literário: tão surpreendente quanto uma piscina.

Para finalizar, quero deixar bem claro que eu nunca publiquei com essas editoras e não coloco minha mão no fogo por nenhuma delas. Antes de fechar contrato, sugiro que pesquise bastante, peça orçamentos em diversos lugares e converse com os autores que já foram publicados por elas. Não se afobe. Cada uma tem pontos fortes e fracos, é tudo uma questão de escolha.

Talvez esse meu post tenha trazido algumas respostas… e muitas perguntas. Se for o caso, escreva aí nos comentários! Vamos nos falar.

Beijos e sucesso!
Karen Soarele

 


 

Atualização (19/02/2017): Pessoal, esse assunto de publicação rendeu bastante. Por isso, decidi convidar alguns autores e gravar um podcast a respeito. Você pode escutar pelo Youtube: